Como diria Tolkien na língua élfica: “Elen síla lúmenn’ omentielvo” — “Uma estrela brilha na hora do nosso encontro”. O problema é que até mesmo as mais brilhantes estrelas caem!
Primeiramente chamados de Alfs ou Alfr, acredita-se que essas figuras tenham surgido na mitologia nórdica e celta. Seres luminosos e belos, amantes das artes, metamorfos, vez outra confundidos com as fadas. A aparência dos elfos, no entanto, muda em cada cultura, como os ingleses, por exemplo, que os retratavam como velhos, na Islândia, como pessoas ocultas, e em algumas regiões dizia-se que eram invisíveis aos olhos humanos.
Na literatura moderna, Tolkien é um dos principais responsáveis pela popularização dos elfos, descrevendo-os como altos, belos, sublimes, de cabelos longos e quase brancos, sábios e poderosos mágicos, exímios na habilidade do arco e flecha, e amantes da natureza. Outro responsável pela disseminação élfica, foi o criador do Dungeons and Dragons.
Entretanto, alguns elfos da literatura moderna, não são retratados como sublimes e belos, mas pequenos, feios e... digamos que sejam “humildes” — cof-cof, escravos —, como J. K. Rowling descreve, bem como — você, leitor, também faz parte disso — as histórias natalinas, que falam de elfos trabalhando em indústrias de brinquedos em áreas desoladas e congeladas do polo norte — décimo terceiro e férias? Esquece! Os coitados trabalham o ano todo, para trabalharem ainda mais no natal.
Mas, como previamente dito, estrelas também caem. Nem todos os elfos eram os “raios de sol” que conhecemos hoje em dia. Os svartálfar ou dökkálfar, elfos escuros, são retratados como figuras malignas, nascidas das larvas da carne apodrecida de Ymir, habitantes do mundo subterrâneo, brutais e de aparência deformada.
Em outras partes da Europa, elfos eram vistos como figuras travessas, ladras e criadoras de confusão — seriam os sacís dos países frios? — Dizia-se que, quando uma criança nascia com uma marca de nascença, esta havia sido marcada por um elfo. Mas é na Alemanha que essas criaturas se tornam macabras e diabólicas; apontados como feitores de muitas maldades na humanidade. As lendas contam que os elfos escuros se sentam sobre o tórax das pessoas e sussurram pesadelos — acho que a Pisadeira tem primos europeus —, vindo daí a palavra alemã “Albtraum”, que significa pesadelo.
Sendo os elfos criaturas boas ou ruins, feias ou bonitas é muito difícil — para não dizer impossível — imaginá-los sem as orelhas pontiagudas.
E, para finalizar, ouvi boatos dizendo que o Dragão Chefe contratou vários escravos, quer dizer, elfos, para ajudar a Mãe dos Dragões.
Eduardo Washington
Autor Pendragon